lunes, 4 de agosto de 2008

Metralhadora desviada do Exército boliviano abastece traficantes cariocas

RIO - A novidade agora entre os traficantes dos morros e favelas do Rio é uma metralhadora calibre .30 (7,92 x 57mm), modelo Lehky Kulomet ZB, fabricada na antiga República da Tchecoslováquia, com capacidade de tiro capaz de derrubar até um helicóptero. Arma de guerra de uso restrito de militares, a metralhadora foi fabricada para ser um importante apoio de infantaria e impedir o avanço de tropas inimigas. Mas o que as investigações das autoridades policiais do Rio e de Brasília revelam é que a arma passou a ser desviada dos quartéis do Exército boliviano, seguindo para o Paraguai e, de lá, para morros cariocas, depois de atravessar a fronteira com Foz do Iguaçu, no Paraná, como mostra reportagem do jornal "O Globo" publicada nesta segunda-feira..

Somente nos primeiros sete meses deste ano, nove metralhadoras .30 foram recolhidas com traficantes do Rio, revelou uma estatística da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), da Polícia Civil. Duas estavam com traficantes do Complexo do Alemão, na Penha; duas no Morro do Dendê, na Ilha do Governador; e o restante reforçava o arsenal do tráfico dos morros da Mineira (Estácio), Dona Marta (Botafogo), Manguinhos e São João (Engenho Novo). No ano passado, outras dez metralhadoras iguais foram recolhidas pela polícia das mãos dos traficantes - duas delas no Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, que vive uma guerra entre duas quadrilhas rivais. Todas tinham gravado na coronha o brasão do Exército boliviano.

O assunto é tão grave que tem sido discutido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), pelo Setor de Inteligência do Comando do Exército e pela Divisão de Combate ao Crime Organizado (Dcor), a unidade central de repressão ao crime da Polícia Federal, em Brasília. Em sucessivas trocas de informações reservadas, investigadores das três agências têm buscado respostas para os desvios com a Subsecretaria de Inteligência (SSI) da Secretaria de Segurança fluminense e com a Drae, os maiores interessados em reprimir a chegada das armas ao Rio.

Segundo um dos relatórios aos quais O GLOBO teve acesso, os desvios incluem fuzis calibres 7,62; fabricados pela empresa espanhola Santa Bárbara. Rastreamento feito pela Interpol, em Brasília, indica que as armas saíram da Espanha, em dezembro de 1989, destinadas ao Ministério do Interior da Bolívia e fariam parte de um lote de 750 fuzis.

Na semana passada, após uma investigação que durou 50 dias, agentes da PF do Rio interceptaram, em Volta Redonda, um ônibus de turismo, que saíra de Foz do Iguaçu com destino ao Rio. Escondidas no tanque de combustível, estavam drogas, armas e munição. O material seria entregue aos traficantes da Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, para ser distribuído aos bandidos de outros morros. Entre as armas recolhidas, havia uma metralhadora .30 com o brasão do Exército boliviano.
Fuente: globo.com
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